Brasília – O presidente Michel Temer deve fazer um pronunciamento ainda nesta quinta-feira para tentar explicar as acusações de que teria autorizado o empresário Joesley Batista a manter o pagamento de uma mesada para que o ex-deputado Eduardo Cunha mantivesse silêncio sobre denúncias contra o governo, disseram à Reuters fontes palacianas. Cogita-se em “Renúncia”

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O governo ainda avalia quando Temer faria esse pronunciamento e o cenário para isso. Alguns auxiliares do presidente acreditam que é preciso avaliar o decorrer do dia para verificar se uma tentativa de explicação do presidente ajudaria ou pioraria o cenário.

O presidente, que havia acertado uma agenda cheia, com reuniões a cada meia hora com quase 20 parlamentares, em uma tentativa de mostrar normalidade, derrubou todos as reuniões depois do primeiro encontro, às 8h da manhã, com o senador Sérgio Petecão (PSD-AC).

Temer está reunido com seus principais assessores no Palácio do Planalto – o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco, além do secretário de Comunicação, Marcio Freitas, para avaliar a crítica situação do governo. De acordo com uma das fontes, a palavra “renúncia” ainda não está circulando no Planalto, mas a preocupação com o grau de comprometimento do governo é altíssimo.

“O governo saiu do melhor momento para seu pior momento em segundos”, disse uma das fontes. “Você tinha a oposição dando como certa reforma trabalhista e previdenciária e agora você vai para um cenário de incerteza até restabelecer o normalidade com a transparência dos fatos”.

Dentro do Planalto, apesar do clima pesado, auxiliares de Temer ainda tentam vender a ideia de que as reformas são necessárias ao país, e não uma agenda de governo. Na madrugada de quarta para quinta-feira, depois de reunião com o presidente, vários ministros – Padilha, Moreira Franco e Imbassahy – gravaram vídeos para tentar manter o clima. “O Brasil não pode e não vai parar”, disse Padilha em seu vídeo.

No entanto, reconhece uma das fontes, claramente haverá dificuldades de segurar uma base que já não era sólida para garantir a votação das reformas. Até agora o governo não tinha garantidos os votos para a Previdência, como o próprio presidente havia admitido.

“Não dá ainda para fazer um cálculo sobre nada”, disse outra fonte. “A reação é negativa do mercado e agora em o próprio Congresso. Temos que segurar um pouco, ver o que vai acontecer até restabelecer a normalidade”.

O governo tem dificuldade de ainda reagir às denúncias. “Precisamos ver o que o Supremo vai dizer, porque essa parte do presidente não está homologada. Precisamos ver exatamente o que está lá. O presidente está muito convicto que não cometeu nenhuma irregularidade, mas isso tem que ficar transparente para os olhos de todo o mundo. Difícil se defender de algo que você não sabe o que é”, disse uma das fontes.