Em um país em que o negacionismo é propagado por autoridades e nas redes sociais, a ciência mais do que nunca precisa somar forças. No último domingo, 46 entidades médicas assinaram um manifesto reforçando a importância imprescindível do uso de máscara para se proteger da covid-19, sobretudo neste momento crítico da pandemia, em que mais de 250 mil pessoas já perderam a vida para a doença.
“Máscaras são instrumentos eficazes para a redução da transmissão de vírus respiratórios e são preconizadas na atual pandemia para uso, não apenas por profissionais da saúde no cuidado de indivíduos com suspeita ou diagnóstico de COVID-19, mas por todos. O uso correto da máscara é a ação pessoal com efeito coletivo fundamental para diminuir a circulação do vírus da COVID-19 que assola o país neste momento”, diz a nota.
A carta faz um apelo à população brasileira e sociedade civil para o cumprimento de outras ações para contenção da pandemia da covid-19, como o distanciamento físico, não compartilhamento de objetos de uso pessoal e a higienização das mãos.
“É urgente que as medidas efetivas para diminuir a transmissão da doença sejam assumidas pela população como compromisso social para diminuir a possibilidade do surgimento de novas variantes do vírus e o colapso total dos serviços de saúde de todo país”, destaca o manifesto.
O documento é assinado pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, de Cardiologia, Infectologia, Pediatria, entre outras.
As entidades defendem ainda a importância de orientar a população com informações seguras e afirma que direcionamentos contrários à ciência “desconstroem, confundem e agravam a situação do país”.
A publicação vem no momento após o presidente Jair Bolsonaro citar na última quinta-feira, 25, um estudo alemão que teria concluído que máscaras são “prejudiciais” às crianças, causando irritabilidade, dor de cabeça e dificuldade de concentração.
O estudo preliminar foi feito a partir de uma enquete online preenchida por pais ou responsáveis de cerca de 25 mil crianças e adolescentes e ainda não foi submetido a revisão por pares, nem publicado em revistas científicas até o momento.
Além disso, segundo as críticas feitas sobre a pesquisa, não é possível demonstrar uma relação causal entre os efeitos observados e o uso de máscaras. Soma-se a isso o fato de que o estudo não tem controles, ou seja, um grupo de crianças que não usou máscaras, para comparar resultados.