O mercado de rádio do Brasil acompanhou o primeiro panorama do Kantar Ibope Media sobre o consumo de rádio após o início do isolamento social em praticamente todo o país. E os números no dial seguiram a tendência que já era vista no digital e também em outros países. O tempo destinado pelos ouvintes ao rádio foi ampliado no período de isolamento (de 4h02 em fevereiro para 4h18 em março). A música segue como conteúdo mais buscado pela audiência, que também procura por entretenimento durante a pandemia do novo coronavírus. Companheiro, o rádio é buscado devido a sua grande variedade de formatos e conteúdos. Acompanhe os recortes
Consumo em alta no Brasil
Segundo o relatório da Kantar Ibope Media, divulgado na última quinta-feira (9), mesmo em isolamento, as pessoas continuam ouvindo rádio, na mesma intensidade de antes ou até mesmo mais. Em números, 77% dos entrevistados nos primeiros dias de abril afirmaram ouvir rádio, sendo 71% afirmando que ouviram as emissoras na mesma quantidade ou mais após as medidas de isolamento social. E 20% disseram ouvir “muito mais” rádio após o isolamento.
O tempo médio, ou seja, a média em horas e minutos destinadas pelos ouvintes ao rádio, também foi ampliado. Em São Paulo, por exemplo, o instituto constatou que em fevereiro essa duração média era de 4h02 minutos. Já em março, a duração foi para 4h18 minutos (sendo que o isolamento social virou uma realidade mais significativa a partir da segunda quinzena do mês) e 4h10 minutos entre os dias 1 a 7 de abril (média ainda não fechada por completo, mas que aponta um possível crescimento).
De fato, o mercado de São Paulo viu uma ampliação da audiência de rádio no último trimestre válido (janeiro a março de 2020), com avanços em praticamente todos os formatos de rádio.
O dial AM/FM segue como principal plataforma de consumo de rádio, utilizado por 84% dos entrevistados pelo Kantar Ibope Media. A internet (streaming) foi usada por 19% dos ouvintes. E o instituto faz um recorte interessante: 12% dos entrevistados afirmaram ter consumido o conteúdo de rádio via YouTube.
Variedades de formatos auxilia o rádio durante o isolamento social
O relatório do Kantar Ibope Media também apontou que a extensa variedade de conteúdos no dial auxilia o rádio durante o isolamento social, já que o meio pode ser um atrativo para diferentes finalidades por parte do público.
Entre os pesquisados, 52% afirmaram que ouviram rádio “para ouvir música”. E 50% afirmaram que o rádio foi buscado para “entretenimento, se distrair”. Ou seja, além de ser uma forte de informações, o rádio também tem auxiliado diretamente os ouvintes na busca de um maior bem estar durante a pandemia do novo coronavírus.
“Me informar sobre os últimos acontecimentos gerais” foi a opção para 43% dos entrevistados. E 23% afirmaram usar o rádio para obter informações sobre o novo coronavírus.
Por fim, 10% ouviram rádio por “terem mais tempo livre” e 5% afirmaram outros motivos.
Não é possível somar as porcentagens, pois os entrevistados tiveram mais de um motivo para buscar o rádio durante o isolamento. Algo comum no comportamento da audiência.
O rádio e as lives musicais
Outro ponto de curiosidade levantado pelo Kantar Ibope Media foi relacionado às lives dos artistas musicais. O impacto desses “shows virtuais” foi acompanhado de uma execução de massa desses artistas antes da pandemia, o que auxilia na popularidade e no interesse maior pelo conteúdo transmitido.
Exemplo: o relatório citou a live de Marilia Mendonça, artista que alcançou 3.2 milhões de pessoas no YouTube no último dia 8. Antes, em 2019, a mesma cantora sertaneja contou com 3.5 bilhões de vezes que as suas músicas foram ouvidas no rádio, segundo o Music Heat do Kantar Ibope Media.
E o rádio via internet?
No final de março, o tudoradio.com publicou uma matéria que mostrou o avanço do rádio em diferentes países do mundo. E o consumo do streaming ao vivo das emissoras foi ampliado durante a pandemia do novo coronavírus.
No Brasil isso não foi diferente: o tudoradio.com registrou um avanço de 15.7% na audição de rádio via streaming no portal, isso no início das restrições e do distanciamento social, entre os dias 18 e 23 de março, na comparação com o mesmo período da semana anterior.
Colaborando com o relatório do Kantar Ibope Media, no ambiente digital do tudoradio.com, houve um aumento no consumo de praticamente todos os formatos de rádio, em diferentes regiões do país. E, também na comparação com o período pré-pandemia, o consumo foi mais elevado em praças como Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Fortaleza (CE).
Outro fato curioso no comportamento da audiência de rádio via streaming foi em relação ao pico de audiência durante a semana. Com as pessoas mais em casa, seja trabalhando ou não, o pico de audiência do streaming deixou de ser a faixa das 08h para ser observada as 10h, situação constatada nos dias 23, 24 e 25 desta semana, na plataforma do tudoradio.com.
O crescimento da audiência digital do rádio também ocorreu em outros países, inclusive em locais que enfrentam o auge da pandemia. Na Espanha houve uma ampliação do consumo de rádio via internet, além de um fortalecimento do meio na memória publicitária local. Os dados foram divulgados pelo grupo PRISA.
No No Reino Unido, onde o rádio possui números expressivos de audiência, a emissora comercial líder do mercado do grupo Global relata que a audiência no streaming está alta. O alcance diário aumentou 15% entre 9 e 17 de março, enquanto o tempo gasto em audição aumentou 9%. E quem teve o maior crescimento foi o serviço prestado pela rede LBC, que teve um alcance diário de 43% e TSL de 17%.
Nos Estados Unidos, onde o rádio tem um alcance semanal de 92% da população segundo a Nielsen, não foi percebida uma queda no alcance do meio no início da pandemia. Um recorte interessante: 95% de alcance do rádio para quem pratica o home office, valor que é o mesmo para quem está em trânsito ou nas empresas.
Outro levantamento que colabora com o interesse em música no meio rádio, mostrado pelo Kantar Ibope Media na semana passada, foi noticiado pela BBC News. A reportagem mostrou crescimento da audiência de rádio e queda no uso de serviços de streaming de música no Reino Unido e nos Estados Unidos.
Credibilidade do rádio em alta
Segundo uma matéria veiculada pela Folha de S.Paulo, a Edelman realizou entre os dias 20 e 23 de março um levantamento para saber da população como as empresas devem proceder durante este período de pandemia. A pesquisa mostrou que mais da metade (53%) dos brasileiros prefere que as empresas comuniquem suas ações durante a pandemia do novo coronavírus por meios consolidados, como rádio, jornal e TV.
O mesmo ocorre no exterior. Na Espanha, por exemplo, o levantamento feito pela Havas Media Group aponta o rádio na liderança de credibilidade e confiança na mídia, com o índice de 5,3 (sendo 1 para “nada confiável” e 7 para “totalmente confiável”). Para se ter uma ideia, todos os veiculos de massa estão com índices a partir de 5 nesta escala, enquanto as redes sociais registraram 3,5.
Antes, o Datafolha apontou o rádio (programas jornalísticos) entre as fontes de maior credibilidade para os brasileiros durante a pandemia, assim como TV e jornais impressos. A pesquisa foi divulgada na segunda quinzena de março.
Fonte: Tudo Rádio