Em matéria publicada pela jornalista, Isabela Souto (Estado de Minas), afirma que o procurador-geral de Justiça, Antônio Sérgio Tonet, divulgou nesta quarta-feira (11/9) que o colega Leonardo Azeredo dos Santos que queixou-se de receber um “miserê” de R$ 24 mil mensais apresentou um atestado médico e está afastado das funções.

Tonet não soube dizer qual o motivo médico do afastamento e o período. Desde que as declarações foram divulgadas pela imprensa, o procurador Leonardo Azeredo não foi visto na sede do órgão. A reportagem já solicitou essa informação à Assessoria de Imprensa do órgão mas ainda não obteve resposta.

Ainda segundo Antônio Tonet, já foram apresentadas representações contra o procurador e todas serão encaminhadas à Corregedoria Geral do Ministério Público  encarregado de apurar eventuais ou possíveis ilegalidades ou desvios de conduta por parte dos membros do MP.

Durante evento na sede do MP na manhã desta quarta-feira, o procurador-geral afirmou que as declarações do colega Leonardo Azeredo foram de cunho pessoal e deixaram todos os participantes da reunião do colegiado de procuradores “estupefatos”.

“Ele se manifestou, o áudio foi disponibilizado (no site do MP) em razão da Lei da Transparência e todos viram, assistiram, e todos ficaram estupefatos. Dessa forma, ninguém repercutiu e foi tratado como uma situação muito pessoal, muito específica e divorciada do pensamento de todos daquele órgão colegiado”, afirmou Tonet, em entrevista à Rádio CBN.

De acordo com o procurador-geral, a instituição não “compactua” com as declarações de Leonardo Azeredo, que está no MP há 28 anos.  “Elas são declarações isoladas, pessoais e não condizem com o pensamento, com a filosofia de trabalho de atuação da instituição e de seus membros. Nós sabemos que a maior parte da população é carente, pobre, hipossuficiente e é para essa população que o Ministério Público de Minas e o brasileiro tem trabalhando incansavelmente”, continuou.

Ainda segundo Antônio Tonet, já foram apresentadas representações contra o procurador e todas serão encaminhadas à Corregedoria Geral do Ministério Público –  encarregado de apurar eventuais ou possíveis ilegalidades ou desvios de conduta por parte dos membros do MP.

Miserê

As polêmicas declarações do procurador Leonardo Azeredo foram dadas durante a 5ª Reunião Extraordinária do colégio de procuradores do MP, quando foi discutido o orçamento do MP para 2020.

No áudio de cerca de 1 hora e 40 minutos – retirado da página do órgão na internet, o procurador reclama que teve que cortar gastos para se adequar a uma salário de R$ 24 mil mensais e pede que a direção do MP encontre mecanismos para reajustar o salário da categoria. “Um salário relativamente baixo, sobretudo para quem tem filhos. Como o cara vai viver com 24 mil reais?”, questionou na ocasião. Levantamento realizado pelo Estado de Minas, no entanto, mostra que o procurador Leonardo Azeredo dos Santos custou para o contribuinte mineiro pelo menos R$ 4 milhões nos últimos cinco anos sem levar em contra benefícios como o auxílio-alimentação R$ 1,1 mil e o auxílio-saúde, em média de cerca de R$ 1,99 mil.

O total de R$ 4.173.614,58 gasto pelo MP exclusivamente com o procurador se refere ao salário, indenizações e “remunerações retroativas ou temporárias” , que incluem valores garantidos por conquistas na carreira ou decisões judiciais.